Um jovem casal chega para seu primeiro atendimento, por solicitação dela. Ele, resistente, porém aceitou e achou adequado, apesar de seu ceticismo quanto ao trabalho do profissional Psicólogo. Aquele velho estereótipo: ele vai nos ajudar em quê?
Ela, mais interessada, realiza uma série de perguntas sobre o funcionamento da sessão de Terapia, inclusive pergunta sobre a abordagem psicológica do Psicoterapeuta. Também indica ter amigas que são Psicólogas, numa alusão inconsciente de que sabe o que está fazendo ali e espera respostas para o seu relacionamento.
Trazem conflitos afetivos num misto de amor e ódio, até mesmo permeado por situações de choque entre ambas as partes.
O casal, é jovem, possivelmente se apaixonaram cedo e tiveram um filho sem planejamento, o que lhes custou a juventude e os planos para o início da fase adulta, como estudos, faculdade, carreira, estabilidade financeira e profissional, além de outros relacionamentos afetivos antes de assumir um compromisso em forma de namoro e posterior casamento.
Por esses conflitos inconscientes entre a perda da liberdade da juventude e o compromisso de uma vida familiar, houve a quebra da confiança.
Uma vez que isso acontece fica bem difícil restabelecer a confiança, o amor, o amparo, o carinho. Por mais que haja o perdão, aquilo fica reverberando a consciência do casal.
Teremos força e disposição para nos perdoarmos ou o melhor a se fazer é viver outras experiências?
A Terapia de casal é vista como uma forma de consertar as coisas para o casal. Uma forma de reconciliação, porém ela também atua pelo lado contrário. Também serve para preparar o casal para a separação que se espera.
No caso citado, real, da minha clínica, percebi que os conteúdos manifestos eram frutos de conteúdos latentes individuais de cada um.
Propus para o casal que separássemos a Terapia em Psicoterapia individual por pelo menos um tempo, pois muitas questões individuais vieram à tona, além do conteúdo do casal em si.
Traumas, comportamentos e ansiedades do passado que foram geradas pela instabilidade nas relações afetivas.
Aliás, muitos casais procuram ajuda profissional quando há um colapso na relação, um desgaste insuportável para se levar em banho maria.
Se procurassem essa ajuda no início dos conflitos, muita coisa seria resolvida e se evitariam conflitos e mágoas maiores.
Porém, muitos casais não se dão conta da relação e focam a vida a dois em fazerem juntos academia, por exemplo. Isso é ótimo, porém há que se fazer juntos também, o exercício do diálogo, da conversa franca sobre seus reais sentimentos.
Assim, a Terapia de casal torna-se um último recurso para se evitar o divórcio ou pelo contrário, uma afirmação e confirmação de que o matrimônio não mais funciona e que a melhor solução é a separação.
No caso, a Psicoterapia individual trará a oportunidade de trabalhar a elaboração de questões que estão repercutindo na vida do casal, porém são questões intrínsecas ao psiquismo individual e a personalidade de cada um.
Não se pode prever os resultados para o casal, porém se trabalhará angústias, ansiedades e até possíveis traumas individuais.
Porém, foram orientados e a decisão será do casal.
Caso após as sessões a decisão seja já pela separação, cada um tomará o seu lado.
Já se a escolha for pela Terapia de casal, se trabalhará aspectos da relação conjugal. O resultado ao fim da sessão poderá ser reatar o casamento ou acontecer a separação de fato.
Na Terapia de casal, geralmente a parte que se sente mais fragilizada na relação vai tentar convencer o Psicólogo de que ela é a vítima. Poderá haver também situações de confrontos diretos em que caberá ao profissional organizar e colocar disciplina e respeito no diálogo realizado dentro do setting terapêutico.
Por vezes a situação pode se chegar a ofensas e choros. O papel do Terapeuta torna-se o de um mediador.
Mais informações sobre Terapia de casal, acesse o link abaixo e veja uma matéria de outubro de 2016, por Liliane Prata, no site da Revista Claudia, da Editora Abril. A matéria se chama “10 verdades que os terapeutas de casal gostariam que você soubesse”.
